O município de Torres, pertencente ao estado do Rio Grande do Sul, possui atributos geológicos e geomorfológicos que, associados à sua rica fauna e flora, acabam por criar ambientes com cenários de extrema beleza. Esses ambientes, denominados de geoatrativos, recebem milhares de visitantes do Brasil e do exterior ao longo de todo ano, fazendo com que a atividade geoturística desempenhe um papel importante na economia do estado e, principalmente, na economia local dos pequenos comerciantes e prestadores de serviço. Nesse contexto, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), em apoio à Prefeitura Municipal de Torres, selecionou o Parque Estadual José Lutzenberger, além da área da Torre do Farol, como geoatrativos importantes para passarem por um estudo de avaliação geológico–geotécnica, a fim de identificar se há potenciais perigos geológicos e/ou hidrológicos que possam colocar a vida ou a saúde dos visitantes em risco. Esses estudos, realizados por técnicos do SGB-CPRM, são importantes para orientar e auxiliar, não só a administração pública, mas também os frequentadores dos terrenos onde esses geoatrativos estão localizados, na implementação e proposição de medidas de conservação, segurança e sustentabilidade das atividades geoturísticas desenvolvidas no município.

Os Geoparques Mundiais da UNESCO (UGGp) propõem um conceito holístico de gestão territorial, tendo como fundamento o ideal de que o patrimônio natural, mais especificamente o patrimônio geológico, atrelado ao patrimônio cultural, deve ser preservado ao mesmo tempo em que se promove o desenvolvimento sustentável das comunidades locais. No ano de 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a Agenda 2030, destinada a acabar com a pobreza e proteger o planeta. A presente pesquisa tem por objetivo entender o alinhamento existente entre os UGGps, o desenvolvimento sustentável e a Agenda 2030. Se propuseram os seguintes questionamentos: a) os UGGps podem ser considerados territórios voltados ao desenvolvimento sustentável? b) os UGGps efetivamente contribuem para os objetivos da Agenda 2030? c) além dos oito Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) selecionados pelo Programa Internacional de Geociências e Geoparques (IGGP), há que se falar em cooperação também com os outros nove ODSs? Como resultado, observou-se que os UGGps contribuem efetivamente para a Agenda 2030 por meio de uma série de boas-práticas alinhadas aos objetivos propostos na agenda.

Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável, Gestão territorial; Patrimônio Cultural

Geoparques podem ser considerados “novas” formas de Gestão Integrada do Território (GIT) e foram estabelecidos no Brasil a partir de 2006. Estes territórios têm como papel fundamental a proteção do patrimônio geológico, aliada à sustentabilidade do ambiente em que estão inseridos. Desta maneira, necessitam de uma forma de gestão compartilhada que atenda a todos os objetivos estabelecidos pelo Programa Internacional de Geociências e Geoparques da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que certifica um território enquanto Geoparque Mundial. No Brasil há cinco Geoparques chancelados, os quais apresentam formas de gestão diferentes entre eles, porém, com algumas semelhanças. O objetivo deste texto é analisar o conceito de geoparque estabelecido no Brasil e suas formas de gestão territorial com base na teoria da GIT. Para alcançar tais objetivos recorre-se aos métodos de pesquisa bibliográfica e documental, a partir dos quais foi realizado um levantamento documental com base nos dossiês de aplicação dos Geoparques junto à UNESCO. A pesquisa apontou que embora haja uma variedade de formas de gestão apontadas a nível mundial, no Brasil destaca-se uma aproximação com o modelo de Consórcios Públicos Intermunicipais. Há também em comum entre estes territórios no Brasil a consolidação de organismos de organização geral (assembleia geral ou conselhos administrativos) e uma equipe técnica atuando nestes territórios.

Palavras-chave: Planejamento territorial. Geoconservação. Bottom-up.

O Caminho dos Conventos se caracteriza pela importância de ser a primeira via terrestre a fazer conexão entre litoral e planalto no Extremo Sul Catarinense. Após a abertura do histórico caminho, os núcleos ocupacionais ao longo desse traçado foram adaptando-se à demanda devido à passagem das tropas pela região. Pensar o caminho das tropas e seu intenso movimento indica que, após sua abertura, surgiram os primeiros assentamentos ao longo desse percurso, o qual seria o responsável por interligar as demais localidades que começavam a se estabelecer em toda a região. O movimento tropeiro, das margens do rio Araranguá, buscava o planalto por meio da Trilha Serra da Pedra para o transporte de mercadorias em geral. Considerando que a pesquisa busca compreender a relação histórico-cultural da trilha Serra da Pedra com o tropeirismo, o trabalho permite assimilar as relações e as marcas deixadas na paisagem pelos sujeitos que ali passaram. Mesmo que de forma espontânea, essas marcas imprimem relações socioculturais que refletem o modo de vida ao longo do tempo, uma vez que a história de longa duração conecta pessoas e coisas formando a “vida material”. Os procedimentos metodológicos adotados contaram com pesquisas bibliográficas e incursões a campo que permitiram mapear e espacializar os dados coletados em três setores que relacionam o legado histórico-cultural na Trilha Serra da Pedra com movimento tropeiro. O primeiro setor apresenta a comunidade Serra da Pedra com doze registros catalogados, o segundo setor apresenta a comunidade de Costão das Pedra com quatro registros catalogados e, por fim, apresenta o terceiro setor que é o trajeto até o planalto com quatorze registros catalogados, somados, totalizam trinta pontos que relacionam a história com o tropeirismo. O estudo demonstrou que o intenso movimento tropeiro foi importante para a história local e regional, os resultados apontam que ao longo desse traçado estabeleceram-se casas comerciais, pontos de parada e pouso que serviram como referência para quem passava por esta região, pois era o único acesso que faria a ligação entre o litoral até alcançar os campos de cima da serra por meio da Trilha Serra da Pedra.

O artigo tem como objetivo refletir a respeito das imbricações existentes entre o Geoparque Mundial da UNESCO Caminhos dos Cânions do Sul e o patrimônio cultural presente nos municípios catarinenses integrantes. A metodologia baseia-se em pesquisa documental e bibliográfica. Como resultado observou-se que o patrimônio cultural exerce papel de destaque dentro da estrutura do território e que a chancela da UNESCO concedida pode trazer desdobramentos positivos para a região.

Palavras-chave: Patrimônio Imaterial; Geodiversidade; Desenvolvimento regional;

Geoparks & Oceans
Southern Canyons Pathways UGGp, Brazil – S. America
From the top of the mountains to the bottom of the ocean p.18

O Comitê Educativo e Científico (CEC) do Geoparque Mundial da UNESCO Caminhos dos Cânions do Sul (GMUCCS) teve a satisfação de promover, entre os dias 06 e 07 de outubro de 2023, na cidade de Mampituba (Rio Grande do Sul) o 2º Seminário de Pesquisas no Território do Geoparque Mundial da UNESCO Caminho dos Cânions do Sul. Esta segunda edição do Seminário foi realizada presencialmente, buscando promover um maior intercâmbio entre seus participantes. Um ano após a chancela do território pela
UNESCO, ocorrida em 2022, a continuidade do Seminário Científico idealizado e realizado pela primeira vez em 2021, se faz de forma a somar com os esforços da promoção de conhecimento científico ambientado no geoterritório GMUCCS.

Este documento tem por objetivo registrar, tornar público e ampliar a visibilidade dos trabalhos apresentados na 1ª edição do Seminário de Pesquisas. Espera-se que futuras edições sejam realizadas, abrangendo uma maior diversidade de pesquisas, bem como outras modalidades de trabalhos que destaquem as atividades desenvolvidas no território. Com isso, pretende-se também fomentar o aprimoramento das iniciativas de geoeducação, geoconservação e geoturismo.

Palavras-chave: geoeducação, geoconservação e geoturismo

Este estudo integrou correntes teóricas da área da estratégia para o geoturismo. Tem como objetivo propor estratégias fundamentadas sob a ótica das Capacidades Dinâmicas que possam potencializar o Desenvolvimento do Geoturismo e o Desenvolvimento Socioeconômico no Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul. Advinda do campo da estratégia as Capacidades Dinâmicas procuram explicar como as organizações utilizam e renovam seus recursos para a criação, sustentação e vantagem competitiva por meio dos microfundamentos. Os microfundamentos das CDs são considerados por Teece (2007) as habilidades, processos, procedimentos, estruturas organizacionais, regras de decisão e disciplinas distintas, que permitem detectar, aproveitar e reconfigurar recursos tangíveis e intangíveis. Neste contexto, buscou-se relacionar as CDs com o geoturismo para proporcionar o desenvolvimento do Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul.

Palavras-chave: Capacidades Dinâmicas. Geoturismo. Desenvolvimento Socioeconômico. Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul.

RESUMO
Objetivo: O presente artigo se propõe a entender o processo de constituição do GMCCS e suas perspectivas para o desenvolvimento sustentável das comunidades que vivem no território. Colocam-se as seguintes questões de pesquisa: a) como ocorreu a prospecção dos UGGps na região da LAC? b) de que forma transcorreu o processo de reconhecimento e chancela do GMCCS? c) de que forma o GMCCS vem contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico sustentável das cidades integrantes do território?

Palavras-chave: Comunidades Locais, Desenvolvimento Econômico, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável